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o mapa;

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Para os outros, eu ofereço um mapa, um desenho cuidadoso e simplificado de quem eu sou. Nele, as estradas são retas e bem sinalizadas, as fronteiras são claras e os pontos de interesse estão todos etiquetados. É um guia de bolso, prático e legível, criado para que ninguém se perca ao tentar navegar por mim. As pessoas o usam, confiam nele. É um documento útil, uma cortesia que ofereço para facilitar a viagem.

Mas o mapa não é o território. A terra que sou de verdade é selvagem, um continente de relevo acidentado e clima imprevisível, com florestas de pensamentos densos onde a luz mal penetra e rios de memórias que mudam de curso sem aviso. Existem vales escondidos de vulnerabilidade e montanhas de ambições silenciosas que não aparecem em nenhuma legenda. Este lugar, o verdadeiro eu, é imenso, desordenado e impossível de ser contido nas linhas limpas de um cartógrafo.

E eu vivo nesse espaço, nessa distância silenciosa entre o papel e a paisagem real. É um cansaço sutil, o de saber que as pessoas interagem com a minha representação, não com a minha essência. Elas apontam para um ponto no mapa e dizem: "Aqui parece um lugar tranquilo", sem fazer ideia de que, naquele exato ponto do território, ruge uma tempestade. A solidão mais profunda nasce daí: de ser conhecido apenas pela minha legenda, de receber visitantes que nunca saem das estradas pavimentadas, temendo o que existe para além delas.

O alívio, a verdadeira conexão, não acontece quando alguém finalmente decifra o meu mapa. Acontece quando alguém o dobra, guarda no bolso e me pergunta: "Podemos explorar juntos?". Não há encontro mais profundo do que encontrar alguém que não teme a sua imensidão, e que caminha ao seu lado, desbravando o terreno desconhecido, satisfeito apenas com a beleza da descoberta.