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completamente fora do personagem & despedida
[...] Eu ia embora. O rebuliço das caixas pelos cômodos, a falta de bebidas no armário da cozinha, um lençol improvisado como trouxa de roupa no quarto, as marcas mais claras na parede de um ou outro quadro ausente, tudo alardeava a notícia da minha partida. E a gente falando das diversas poesias e miudezas do mundo.
Quando me permiti ficar — há uns três anos, eu acho — senti que foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Conheci pessoas incríveis e me aproximei ainda mais de quem já conhecia antes. Gente que me fez rir, pensar, sentir. Gente que virou parte do meu cotidiano. Coisa que, confesso, nunca achei possível num mundo virtual. Mas foi. E como foi.
Durante muito tempo, achei que essa ideia de sair fosse apenas uma inquietação passageira. Uma maluquice, talvez. Porque, convenhamos, esse lugar tem seu charme. Aqui fui acolhida, ri até as bochechas doerem, me distraí quando tudo parecia um caos do lado de fora. Às vezes, até parecia mais real do que o mundo aqui fora. Mas a verdade é que eu sempre soube, bem lá no fundo, que isso seria passageiro.
No início do ano, fiz algo muito importante pra mim: tirei um tempo só meu no mundo. E posso dizer que isso me virou um pouquinho do avesso. Eu tinha esquecido como era me sentir viva no meio da monotonia. E, nesse reencontro comigo mesma, percebi que as coisas que eu quero pra minha vida são muito maiores do que esse mundinho que a gente acaba nutrindo por aqui. E, embora eu nunca tenha pausado uma cena para viver outra, sinto que chegou a hora de ser 100% apenas em um dos mundos: o real.
Quase cinco anos separam a marionetista que entrou nesse mundo pela primeira vez e a que agora, com o coração tranquilo, se despede. Obrigada a quem fez parte da vida da Emma — ou das outras 17 cabeças que circulavam por aí e que, no fim das contas, eram só eu mesma pensando por elas.
Acho que valeu a pena, eu deveria dizer.
Espero vocês do outro lado da tela.
Se cuidem.
💖✨
Posted 4/14/2025, 12:00 AM